[NEW LIFE] Day B175 - Tudo tem um propósito...

Hoje aconteceu algo tão aleatório e fantástico que se justifica completamente perder uns minutos para relatar como começou o meu dia - o segundo do meu 23º ano de vida.

Um pequeno parêntesis antes de avançar com os relatos: se bem se lembram, no último post "[NEW LIFE] Day B023 - Tempos de mudança", escrito há quase meio ano, mencionei que estava prestes a mudar-me para Vejle. Pois bem, cá estou eu a viver nesta bem mais movimentada cidade, sem saudade de Billund! :) E apenas amanhã receberei finalmente a primeira remessa de mobília enviada pelo meu pai de Portugal. Escreverei mais sobre isso depois, prometo!

Assim, vivendo em Vejle, a minha rotina mudou completamente em relação ao que eram os meus dias em Billund. Normalmente levanto-me por volta das 7h10 e às 7h57 estou a apanhar o autocarro para o trabalho. Hoje, porém, acordei apenas às 7h46. E por mero acaso! Acho que o despertador nunca chegou a tocar esta manhã... e tenho a forte impressão de que me esqueci completamente de o accionar ontem à noite.

Já nunca iria a tempo de apanhar o autocarro habitual, mas tinha ainda o das 8h25 que chegava apenas um quarto de hora mais tarde. Estava eu pronto às 8h10, sentei-me no computador para ver o mail - afinal tinha à vontade 5 minutos para isso. Quando dei por ela o relógio já marcava 8h22. O QUÊ?! 12 minutos literalmente voaram e eu nem tempo para piscar os olhos tive! Preciso de pelo menos 5 minutos para chegar, com passo já acelerado, à estação de autocarros, e tinha apenas 3 para calçar-me e sair de casa... nem valia a pena pensar mais no assunto, era o segundo autocarro perdido nesta manhã. 

Fiz por não perder o terceiro e saí de casa a horas! Entrei no 43 Billund, apenas uma rapariga lá dentro. Na verdade, foi uma viagem bastante solitária, o autocarro não teve mais do que 4 pessoas ao mesmo tempo... Sento-me sempre que possível na última fila - ou a "cozinha", como lhe chamávamos nos tempos de escola -, no canto do lado do motorista e hoje isso não foi excepção. Quase a chegar ao centro de Billund, onde saio todas as manhãs, reparei que havia um saco castanho na prateleira das malas. Olhei em volta e certifiquei-me que era o único passageiro ali dentro. Alguém se tinha esquecido daquela mochila...

Mas durante toda a viagem, em nenhum momento eu tinha reparado em alguém que se tivesse sentado tão próximo de mim ou que - muito menos - tivesse colocado aquele saco ali. É certo que durante grande parte do tempo vim de olhos fechados, a dormitar ao som de Awolnation, mas não deixei de ficar algo intrigado com aquilo. Naquele instante, estava já o meu subconsciente a matutar algo bem mais profundo.

Pensei então em levar a mochila até ao motorista para que depois ele tratasse de a levar aos perdidos e achados - ou então a proceder da forma que bem entendesse ou fosse sua obrigação numa situação daquelas. Mas foi aí que a "ficha caiu"!

Na semana anterior, o John, um colega meu irlandês que se senta exactamente ao meu lado, tinha perdido uma mochila num autocarro a vir de Aarhus para Billund. Contactou a empresa de transportes e fez tudo o que pôde para tentar reaver a mochila, mas sem obter qualquer pista do paradeiro da malfadada. Tinha estado fora naquele fim-de-semana a festejar St. Patrick's Day com alguns amigos Irlandeses em Aarhus e acabou por chegar a casa com menos uma mochila, por si só cara, roupas boas "de fim-de-semana" e mais uns acessórios nada agradáveis de perder, como carregador de telemóvel.

Aconteceu tudo muito depressa, em meros segundos arrisco dizer, mas estava ainda eu a pensar "não, não pode ser..." quando já as minhas mãos abriam o fecho principal da mochila para espreitar o interior. A primeira coisa que vi foi uma daquelas cartolas de tecido da carlsberg comemorativa do dia de St. Patrick. "Tás a gozar...", disse para mim mesmo. Depois, sabendo que ele também tinha o seu cartão de funcionário naquele saco que tinha perdido, tentei encontrá-lo no bolso da frente - parecia-me lógico que ele o teria ali. E lá estava ele! Aquela era mesmo a mochila do John perdida há uma semana!!!

Saí do autocarro a rir sozinho só de imaginar a cara dele quando lha entregasse! O rapaz nem queria acreditar! Demorou provavelmente mais tempo a reagir ao ver-me à sua frente com a mochila na mão do que os segundos que levei a processar todo aquele exercício mental que acabei de descrever à medida que identifiquei o tesouro perdido - sim, foi isso mesmo que senti que tinha encontrado!

Ficou prometido bolo aqui para o salteador de Autocarros, que encontra mochilas viajantes perdidas... :)

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