[ Jornal + | 25/07/2012 ] O Tempo

Dizem os estrangeiros que por aqui passam que os dinamarqueses não falam de outra coisa senão do tempo. Embora só tenho ouvido tal observação já depois de cá viver, verdade é que depressa a confirmei. É frequente cruzar-me com colegas e conhecidos e inevitavelmente comentar a descida abrupta de temperatura que se fez sentir a meio da semana, ou o sol radiante que tornou a última tarde de sábado num excelente dia de praia, ainda que domingo tenha sido de trovoada e chuva a cântaros.

Pois é, fala-se do tempo por estes lados como se de uma série policial cheia de mistério e reviravoltas no guião se tratasse, tal é o interesse que o assunto parece despertar de uma forma geral nas pessoas. E até podiam vocês dizer-me que nós portugueses também falamos bastante sobre a meteorologia do nosso próprio país "à beira mar plantado". Ou até mesmo que na verdade é um hábito comum e global - afinal todos, em qualquer parte do globo, estamos sujeitos ao estado de humor de São Pedro (ou entidades religioso-transcendentais equivalentes).

Porém, o que eu notei nestes quase dois anos que aqui estou, é que mais do que em Portugal, as pessoas realmente dependem das previsões da meteorologia. Ao passo que aí, onde estão a ler este meu texto, as estações do ano ainda vão tendo algo de característico, aqui essas quase parecem não existir - pelos menos não como eu me lembro de as ter aprendido na escola.

Além da neve a durar uns quatro meses no inverno, nada mais parece certo por aqui... Ora chove, ora está um lindo dia de sol, ora volta o vento e as temperaturas baixas, ora se volta a ter um rasgo de verão que dura mais uns dias, a lembrar que afinal estamos mesmo em Julho...

Várias vezes comentamos no trabalho que a empresa deveria estar proibida de funcionar em dias de sol (acreditem que não afectaria significativamente a sua produtividade de tão poucos que são). Eu próprio estaria disposto a trabalhar aos fins-de-semana se isso me assegurasse a possibilidade de ficar em casa num dia em que as nuvens tivessem ficado para lá da fronteira dinamarquesa.

Num país consideravelmente mais frio e com uma meteorologia pálida, molhada e bem mais depressiva que aquela que recordo saudosamente do nosso Portugal, é mais do que compreensível que o assunto número um das pessoas na rua seja exactamente o que irão fazer no próximo dia de sol, para aproveitar tal evento. É preciso estar em cima do acontecimento para se poder tirar verdadeiro proveito de cada pedacinho de verão que vamos vivendo deste lado da Europa. E com isto lembro-me que ainda não consultei a meteorologia para amanhã...

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